O livro Corpos Mutantes


O livro Corpos Mutantes traz uma proposta muito interessante, em que podemos perceber a complexidade deste tema. E a cada texto apresentado o quanto corpo biológico é intenso em sua dimensão de significados. Que interfere fortemente nas relações com o humano em sua vida social, comportamental e institucional. A cada artigo percebemos um corpo, cujas necessidades são perenes e inimagináveis segundo o devir de cada sujeito.



O corpo como cenário – espaço para realização de desejos e mutações hoje possíveis pela introdução de novas técnicas e procedimentos médicos. Assim [...] o que se experimenta hoje não é ‘ser’ um corpo, mas ter um corpo que sempre podemos, se não recusar totalmente, aprimorar, seja em relação à aparência que desejamos ter[...](BARROS,2009,p.15), E ainda,assim crer que isso ocorre de forma tão intensa de acordo com o perfil de cada um, Sendo quase imperceptível. Há um tempo atrás li em uma revista um artigo sobre um tatuador, brasileiro Jun Matsui, chamado o "o criador de corpos" (Época,2006, p.124 ), e quando se fala de tatuagem de grife o nome dele está em primeiro lugar. Uma curiosidade interessante é que esse tatuador só desenha em preto e branco, e ao final de cada tatuagem completada faz um registro fotográfico do desenho.



E conduz o leitor a uma buscar conceitos em atenção a idéia de vestir o corpo e possibilitar mudança da aparência da pele. Um dos clientes tatuados fez uma serpente em uma parte sensível da genitália masculina sob a crença de que a serpente simboliza a vitalidade. O Jun é conhecido internacionalmente por suas tatuagens em preto e branco, em grandes extensões de pele humana. O indivíduo passa a ser uma base para compor um novo ser cuja identidade se transforma carregado de signos e segue de certa forma as tendências do seu tempo.



Em tempos modernos a carne e o espírito não são mais, uma barreira podemos potencializar aprimorar ou atualizar um corpo diante das necessidades e desejos de novo ser bricoleurs. A partir das leituras e dos muitos outros exemplos de intervenções sobre um suporte ainda pouco explorado viva como arte. Assim Orlan e Hannah Wilke, dão um visibilidade a outra forma de arte com do corpo, e para o corpo. Utilizando da ciência medica e das intervenções da técnica protética e medicamentosa fizeram historia



O homem maquina, aquele que é atualizado pela tecnologia a fim de suplantar uma deficiência ou alterar uma característica genética as vezes não uma anomalia, transforma o desejo em realidade. Segundo Homero Luis Alves de Lima 2009, p. 30) “corpo, ou melhor, a ‘forma corpo’ também está sujeita a ‘atualizações’ que o processo de digitalização da vida instaura no mundo vivo como um todo”.



De forma que a partir da utilização das próteses temos um marco em que a tecnologia auxilia o homem a recompor a falta do biológico – braço, pernas mecânicas, lentes e organismos que dão continuidade a vida fazem parte de singularidades pós-humanas ou inumanas.



O indivíduo se depara com uma nova forma do homem contemporâneo o cyborg, ser hibrido que já era muito conhecido no cinema das obras de ficção: Cybercop, homem de ferro, cabem lembrar ainda do homem e da mulher biônica. O cinema antecipou o futuro da pós-humanidade.



Durante muito tempo o homem utilizava a madeira, argila e o papel como principais suporte para expressar as artes demonstrando tendências e aspectos religiosos e políticos de varias épocas. Hoje a vestes deixam seu caráter meramente expositivo em galerias e espaços especializados, o ser humano rompeu essas barreiras fazendo uma arte para vestir, Hélio Oiticica (1960) criou o Parangolé, um arte interpretativa proporcionando ao interlocutor multi-experiências. Na era das tecnologias, da portabilidade e dos instantes cada vez mais curtos pela média de tempo individualizada. O corpo é o suporte ambiente de experimentações e ambiências, piercing, extensores, próteses e corset body piercing são formais modernas de expressar sua ideologia estética e artística. E as técnicas cada vez mais precisas auxiliam esses novos modelos e artistas, que embora anônimos ou não, vêem a internet como principal espaço de exibição “ideal para todo tipo de experimento da biotecnologia” (COUTO, 2009,p.51) imagens da exteriorização do imgirario humano. A negação da realidade e evocação do imaginário que se dá pela ruptura dos limites do corpo como matéria prima. O que tornou o indivíduo á temporal e seguidor veloz de técnicas que possam potencializar a forma física oferecendo ao sujeito um leque de consumo cada vez maior.



Satisfazer o desejo da imortalidade, ampliando o prazo de validade da vida através de medicamentos, cirurgias e equipamentos que possam corrigir “deformidades” ajustando o humano ao físico espaço de exibição de corpos belos e rígidos. Conforme LIMA (2009, p.39), ‘‘cresce a intensa integração entre componentes biológicos, mecânicos, eletrônicos e digitais, as interações complexas entre o orgânico e inorgânico”, diante disso o homem busca uma maior fruição no ambiente alterando-se pelas inserções e aprimoramentos, nova casca dá lugar a um ser mutante ávido por resultados que possam ser sentidos vistos e desejados por outros.









Referências:



Profa. Ieda Tucherman in: Couto, Edvaldo Sousa; Viladre, Silvana . Corpos Mutantes 2.ed.- Porto Alegre:Editora da UFRGS,2009.



Revista Época

sites: http://fitlancer.blogspot.com/2010/10/extreme-corset-body-piercing-collection.html



http://www.youtube.com/watch?v=dJTr8I2M6Ps



http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI55849-15228,00-CRIADOR+DE+CORPOS.html