Engenhoca

Engenhoca

A tecnologia sempre esteve presente em nossas vidas de maneira sutil. Um fato interessante é redescobrir-la (a escrita, o papel, o livro, a caneta esferográfica etc.). E chocar, despertar para essa condição de não se dar conta de forma espontânea, num piscar de olhos — levamos um bom tempo na superfície com essas ideias. Fomos informados e desinformados pela crença de que tecnologia deve ser uma engenhoca eletrônica. Ao abrirmos as janelas do pensar, observando coisas simples que estiveram ali sempre como parte do nosso dia-a-dia, o tempo todo, ao alcance das nossas mãos e só às percebemos muito tempo depois. Daí encontrar-se com essas coisas tão simples abrir e fechar de portas, utensílios e objetos que facilitam o trabalho, o tilintar de vidros, frascos e vidraças. Enfim, esse novo mundo teve esse começo, meio como de tropeço que sem pensar resulta numa caixa de ressonância sem igual.
Uma criança fixa-se em expressões, gestos e palavras. Pesquisador nato busca respostas entre adultos e tudo que possa experimentar boca à dentro.
De certo a complexidade que o vazio de não saber ou saber pouco deslumbradamente sobre algo, induz a criança a se lançar e vivenciar de forma ingênua sobre o conhecer das coisas e coisas do mundo.
 Assim a tecnologia capta o individuo que descobre desde cedo que tudo pode mudar evoluir, fundir ou simplesmente convergir. A chama, o fogo, a sombra na escuridão e o que observou na escuridão. Foi preciso luz para conhecer mais, proteger-se. E o individuo simula, especula e busca mais e mais, e essa busca não parou durante dias, meses, séculos, milênios e a escrita o que tinha? Para que? No rabiscar ou pintar com sangue a sua história, da criação de artefatos e montagens o que seria do homem na sua triste jornada sem o registro.